14.6.09


E sim. Chegou o tempo, temos de deixar de usar as roupas velhas, elas já se colam ao corpo demasiadamente suadas, excessivamente vividas, seguem-nos para todo lado, levam-nos àqueles caminhos anteriormente pisados, foram tingidas pelos tempos, e marcadas pelos beijos, tantos. Eu sei, fomos rebeldes e deixámo-nos levar, mas eu não queria acreditar, o que é que queres, eram roupas, não vidas, por vezes confundias isso. Mas elas faziam-nos esquecer e voar, levávam-nos a lugares, a lugares. Eu sempre disse, construimos tanto, lutámos tanto, elas ajudavam, estavam sempre lá, o caminho foi longo, e deixei algumas para trás. As roupas. Oh, mas chegou o tempo, temos uma ponte à atravessar, uma montanha à ultrapassar, se não o fizermos seremos pequenos, debaixo de tantas roupas, seremos cobardes, nunca seremos o mais puro de nós mesmos, sem camadas de falsidade. Uma praia, um dia fomos à praia, sol, mar, mas contigo tudo me parecia irreal, nada normal, eu juro, estava tão impressionada. Deixamos as roupas para trás, fomos suficientemente corajosos, que orgulho, meu amor. Agora, quero, é o tempo de construir um novo tempo, uma nova ponte que nos leve a outro lado, bordaremos novas roupas, novas mas simples, novos caminhos. Uma vida faz-se aos poucos, nunca te tinha dito ?

3 comentários:

Margarida C' disse...

«Uma vida faz-se aos poucos, nunca te tinha dito ?»
Gostei muito. Excelente analogia.
Beijinhos

Silvana disse...

tens um blog fantástico.

lindos posts *-*

Raspberry disse...

Adorei este texto. Bastante original *-* Essas roupas!

Beijinho *