25.6.09
deixa lá
Deixa lá. Sim. Já não me aborreces. Fechei o caderno com todos os teus textos, e não o vou abrir. Comprei um novo. É mais sorridente, e reflecte esperança. Já não sei se falo de cadernos. Deixa isso. Eu já nem sinto a tua falta quando a cama está fria, quando os lençois parecem punhais e as almofadas rochas, ligo o aquecedor no máximo, e aquela agonia já não me parece relevante. Sobraram tantos sentimentos. Deixaste aqui os teus restos de valor desnecessário, não os quero. Já varri o chão, mas eles teimam em ficar. Quando é que paras de me assombrar ? Oh, esquece já paraste. Deixa lá. Eu já nem me apercebo da tua (não) presença, sabes no outro dia quando lavava a roupa, nem me apercebi que já não me passavas as mãos pelas costas e me davas um beijo no pescoço, não, nem reparei. Escondi algumas das tuas fotos, escondi-as porque sim. Quando as vieres buscar já devem estar amarelas, de tanto veneno. Juro que já não me lembro de nada. Deixa lá. Eu sorriu tantas vezes que já nem sinto falta dos teus beijos molhados, os meus lábios estão muito ocupados, esticam-se e revelam a minha dentição feliz, não precisam de intrusos vagabundos que os toquem. Não , eu sei que não vais ler esta carta, vais rasgá-la ou talvez queimá-la, mas eu corro o risco, eu corro o risco de uma ultima vez, te dizer que aquilo que (já não) sinto, porque sentir é algo que não reconheces. Deixa lá.
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1 comentário:
gostei bastante do texto, e claro, do teu blog :)
a música que tens do yann tiersen, também a tenho no meu blog, é tão linda!
vives em paris? uau, que grande sortuda! eu fui aí em fevereiro e fiquei completamente apaixonada *.*
estou ansiosa por ver o filme com a audrey, deve ser fantástico!
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