26.9.09

tenho saudades tuas.

escrevi esta frase banal, mas aquilo que sinto está longe de o ser. tenho. é uma sensação de te ter perdido, de te teres ido embora, mas de teres deixado aqui o pó da tua vida; os fragmentos do teu passado; as pegadas do teu caminho. um sentimento que quando prolongado fura e vai moendo até doer. porque eu bem sei, o quão importante eras para mim. aquilo que significavas, aquilo que importavas. avô, queria que ainda estivesses aqui. queria que a clareza dos teus olhos cinzentos olhassem para a clareza dos meus olhos verdes, e pudessemos comparar algumas parecenças. queria conhecer-te melhor. queria saber porque morreste. e morrer porque? podias ter ido viajar, voltar às raízes, ires ver o tu país, a angola. ou ir morar uns tempos para a guarda, para recordar. morrer é muito. é dizer adeus. sem nem sequer dizer. porque a ultima vez que te dei dois beijos na cara e te perguntei "como vais, avô" não sabia que essa iria ser a ultima vez. morrer porque? passar de morto a vivo, assim, em segundos. queria-te aqui. a verdade é que nem aproveitei enquanto te tinha. sei lá. falávamos pouco. mas eu lembro-me bem de ouvir os teus passos fortes ao descer as escada na vossa casa, e quando te punhas a passar a ferro as tuas camisas brancas. lembro-me. e quando os teus olhos sorriam quando sabias que tinha boas notas, e dizias que eu tinha de ser sempre assim. eu sei que, apesar de nunca me teres dito, tinhas orgulho em mim. e eu em ti, avô. homem grande e forte, que ultrapassou tudo, fugiu do pais do coração para proteger a família da guerra. e eras assim, calmo. gosto de ti. quero-te aqui. tenho saudades tuas.

6 comentários:

Inês Sousa disse...

como te entendo.
sinto exactamente o mesmo, eu o meu avõ tinhámos uma relação tão especial, mas ele partiu e fiquei tão revoltada com isso, queria mais tempo com ele, mas nunca é assim :x
força!

P' disse...

Nunca escolhemos o tempo que as pessoas ficam connosco , nunca sabemos quando elas vão e não lhe damos o devido valor por pensar que estão muito mais tempo connosco , e isso revolta-me.

A Formiga disse...

O melhor que temos a fazer, meu amor, é aproveitar o tempo sempre, dizer tudo, mostrar tudo o que for possivel, para que no fim não falte nada :)
amo-te @

Inês Ferreira disse...

Ohh que texto tão bonito :|

A música que tens, coloca-la a partir do youtube, certo? Será que me podias explicar como fazes para que se veja apenas o "play" e não o vídeo todo? É que eu tou farta de dar voltas à cabeça e não chego lá xD.

Filipe ' disse...

Gostei :)

Lou disse...

Eu também adorava a minha avó materna, foi a única que conheci de todos os avós, e quando ela morreu foi um choque muito grande para mim, foi muito difícil lidar com isso.

Vou seguir : )